quarta-feira, 10 de abril de 2013

Encontro na madrugada com Pablo Neruda



O Poeta Age em Qualquer Ambiente

Não reclamo para mim qualquer privilégio de solidão: só a tive quando me impuseram como condição terrível da minha vida. E escrevi então os meus livros como os escrevi, rodeado pela adorável multidão, pela infinita e rica multidão do homem. Nem a solidão nem a sociedade podem alterar os requisitos do poeta, e os que se reclamam de uma ou de outra exclusivamente falseiam a sua condição de abelhas que constroem há séculos a mesma célula fragrante, com o mesmo alimento de que o coração humano necessita. Mas não condeno os poetas da solidão nem os alto falantes do grito coletivo: o silêncio, o som, a separação e integração dos homens, todo este material para que as sílabas da poesia se juntem, precipitando a combustão de um fogo indelével, de uma comunicação inerente, de uma herança sagrada que há mil anos se traduz na palavra e se eleva no canto.

Pablo Neruda em Nasci para nascer (Discurso na entrega do prêmio Nobel)

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