quarta-feira, 8 de maio de 2013

Henry Miller


Trechos do romance Trópico de Câncer 

"Hoje sinto orgulho de dizer que sou inumano, que não pertenço a homens e governos, que nada tenho a ver com a maquinaria rangente da humanidade – eu pertenço à terra!" 

"Lado a lado com a espécie humana corre outra raça de seres, os inumanos, a raça de artistas que, incitados por desconhecidos impulsos, tomam a massa sem vida da humanidade e, pela febre e pelo fermento com que a impregnam, transformam a massa úmida em pão, e pão em vinho, e o vinho em canção. Do composto morto e da escória inerte criam uma canção que contagia. Vejo esta outra raça de indivíduos esquadrinhando o universo, virando tudo de cabeça pra baixo, e os pés sempre se movendo em sangue e lágrima, as mãos sempre vazias, sempre se estendendo na tentativa de agarrar o além, o deus inatingível: matando tudo ao seu alcance a fim de acalmar o monstro que lhe corrói as entranhas." 

"E tudo quanto fique aquém desse aterrorizador espetáculo, tudo quanto seja menos sobressaltante, menos terrificante, menos louco, menos delirante, menos contagiante, não é arte. Esse resto é falsificação. Esse resto é humano. Pertence a vida e à ausência de vida."

"Se sou inumano é porque meu mundo transbordou de suas fronteiras humanas, porque ser humano parece uma coisa pobre, triste, miserável, limitada pelos sentidos, restringidas pelas moralidades e pelos códigos, definida pelos lugares-comuns e ismos."

"Tenhamos um mundo de homens e mulheres com dínamos entre as pernas, um mundo de fúria natural, de paixão, ação, drama, sonhos, loucuras, um mundo que produza êxtase e não peidos secos."



*Henry Miller, nasceu em Nova York em 1891, além de escritor foi lixeiro, coveiro, vendedor de livros e trabalhou em uma companhia de telégrafos. Em 1924, larga seu emprego para se dedicar totalmente à literatura. Miller muda-se para Paris em 1930, torna-se voluntariamente exilado junto com outros cidadãos estadunidenses em prol da liberdade moral dos franceses. 

Trópico de Câncer, seu primeiro livro, foi publicado em 1934, em Paris, com ajuda de Anaïs Nin. Em 1940, a Segunda Guerra obriga Miller a voltar aos Estados Unidos, mas seus livros são proibidos no país, sob acusação de obscenidade. Foi somente na década de 60, especificamente em 1961 que seus livros foram autorizados e Miller reconhecido como um grande autor.  

Sua trilogia autobiográfica Sexus (1949), Plexus (1952) e Nexus (1959) seria liberada em 1964, após uma série de processos judiciais. Henry Miller morreu em 1980, em Los Angeles (EUA).





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